segunda-feira, 8 de novembro de 2010

RESPEITO





Amigos

Àqueles que não sabem, moro em um sítio próximo à Curva da Corcunda, em Gravataí-RS.

Todos os dias a caminho do trabalho passo por uma região de agricultores, com muita área verde e uma vista maravilhosa para o Morro Itacolomi.
Porém em um trecho da estrada existe um recuo onde são descartados todo tipo de resíduos, desde móveis, pneus, pedaços de couro à animais mortos.

Sinto uma impotência muito grande ao ver tudo aquilo, não apenas por ser ambientalista, mas em ver que por mais que se fale em reciclagem e descarte correto, as pessoas não se importam com a natureza, tão pouco com o ambiente que elas mesmas irão conviver.

Em uma dessas manhãs ao passar pelo local, vi uma carroça parada ao lado da estrada e uma moça no meio daquele monte de entulho e lixo, recolhendo algumas coisas.

Passei com o carro e pensei em muitas coisas em uma fração de segundos, num impulso, dei a ré e parei para falar com ela.

Eu não sabia bem o que lhe perguntar, apenas queria mostrar às pessoas que o nosso descaso com o meio ambiente havia levado aquela mulher até ali. Quando ela me viu prontamente veio em minha direção perguntar se podia ajudar. Eu perguntei à ela se poderia lhe fazer algumas perguntas sobre a reciclagem de lixo e as difilculdades em depender disso para sobreviver, muito simpática, aceitou o meu convite.

O nome dela é Renata, tem 27 anos é casada e mãe de três filhos, um com 9, outro com 7 e o caçula com um ano e meio de idade. Busca no "lixo" complementar a renda da família.

O marido dela trabalha na construção civil e passa mais tempo em Caxias do Sul do que aqui, com a família. Ela por sua vez, sai de casa as 6:00 horas da manhã sozinha para encontrar material para vender, a coleta renda à ela uns R$ 300,00 por mês. A carroça e o cavalo foram presentes de sua mãe, diz que tem adoração pelo animal, como se fosse o quarto filho, aliás, um belo animal.

Mora em um dos condomínios do Pac, em uma casa, assim pode acolher o "grandão", como chama o seu cavalo.

Além das preocupações com o sustento dos filhos, outra coisa tira o seu sono, é o prazo já estipulado para entregar a casa onde mora de aluguel, devido ao vencimento do contrato firmado com o Pac. Pensa em construir uma casinha no terreno onde mora sua mãe, mas não sabe como conseguirá o material, já que mal sobra para o alimento.

Renata conta que isto tudo a preocupa, mas o pior mesmo é a maneira que muitas vezes ela é tratada pelas pessoas, nos lugares onde passa. O menosprezo é tão grande que ao relatar um fato ela começou a chorar, não pude conter também as minhas lágrimas. Vendo aquela pessoa trabalhando, juntando lixo, no meio de animais mortos, recolhendo grarrafas pet, papelão, ferro e outros materiais, percebo que realmente nosso futuro não será próspero, se continuarmos agindo desta forma.

Certamente aquele cavalo, companheiro da difícil jornada, é melhor tratado por ela do que muitos humanos cavalos a tratam, nas ruas onde passa a recolher o nosso descarte.

Senti muita vergonha, me despedi dando-lhe um abraço e desejando "bom trabalho".

Fica aqui um apelo e um alerta: dependemos da natureza para continuarmos vivendo, o respeito ao meio ambiente nos torna cidadãos mais conscientes e o respeito ao próximo torna o mundo um belo lugar para se viver.

Um abraço,
Rose Mariah
Ambientalista
Gestora Ambiental

2 comentários:

  1. Oi Rose, como esse mundo é pequeno, estava procurando um artigo sobre a Bike dos Anjos e encontrei seu blog e esse artigo, morei na Corcunda um tempo e todos os dias quando ia trabalhar passava por esse local e tinha o mesmo vazio, realmente não podemos mais concordar e aceitar o que ainda é feito com o lixo, com a falta de respeito e comprometimento das pessoas. Michele-http://ateliereciclagem.blogspot.com

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  2. Texto lindo Rose, me emocionei aqui. É triste a realidade desse país. Muito triste.

    Beijos
    Rafa

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